O homem, animal exclamativo
AVE! SALVE! Viva! Sursum corda!
Alvíssaras, meu capitão!
Essa, não! Antes a morte! E eu que pensei que você fosse meu amigo!
Nunca! Jamais! Credo! Te arrenego! Vá para o diabo que o carregue!
Raio que te parta! Deus é grande! Ô diabo, esqueci!
Salvo seja! Mas que beleza! Que teteia! Que pancadão! Que pão! Que uva! Que coisa mais boba! Que gracinha!
Ah, você está querendo briga! Você não se emenda! Casaca! casaca! casaca!
Está na hora! Protesto! Agora é tarde! Tarde piaste! Que dor! Ai! Ui!
Irra! Bofé! Minha santa Maria eterna! Este garoto é de morte! Nunca morrer assim! Num dia assim, de sol assim!
Corta! Desliga! Mas que calor! Que friu, meu tiu, na beira do riu! É demais!
Socorro! Este país está à beira do abismo! É a vovozinha!
Fora! Fiau! Argh! Catrapus! Alto lá! Repita se é capaz! Rua! Volta, meu amorzinho, volta!
Feiosa! Tem gente! Socorro! Assim é demais! Grandessíssimo canalha!
O senhor está me ofendendo! Estou sim! Pague e não bufe! Atenção, muita atenção! Vae victis! Pega ladrão!
Não mate a árvore, pai, para que eu viva! O preço da liberdade é a eterna vigilância! Pra frente, Brasil! Ou vai, ou racha!
Tome que o filho é seu! O passarinho do relógio está maluco! Não quero saber de nada! Cuidado! Puxa vida! Boa piada!
Do alto destas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam! Comigo não, violão! Mea culpa! É de lascar! Da pontinha! Sossega, leão!
Putzgrila! Eia! Tá! Olá! Tá doido! Exijo mais respeito!
Chi! Ora bolas! Papagaio! Não pode! Pipocas! Olha o rapa! Não diga!
Shazam! Michou os carburetos! Hélas!
Lotado! Não chateia! Te mato! Te adoro! Não admito! Até a próxima!
Bom fim de semana, boas festas, bom tudo!
Não faltava mais nada! Eu bem que avisei! Não apoiado! Podia ser pior!
Assim não vai! Desenvolvimento e segurança!
Cala a boca, Etelvina! Você é que é culpado! Eu nunca disse isso! Pois agora, tome! Filhinha, nunca vi essa mulher na minha vida! Sou uma besta! Comigo ninguém pode!
Uma esmolinha, pelo amor de Deus! Presente! Os que forem brasileiros me sigam! Ame-o ou deixe-o! Eu estava brincando!
Noutra não caio! Olho vivo! Cavalo não desce escada! Sou pequenino mas não sou burro! Que é isso, rapaz! Genial! Mamãe, papai deixou! Esqueci a pílula! Era só o que faltava!
Cretino é você! Olalá! Bons olhos o vejam! Nem me fale! O filme é uma droga! Que sarro! Comeu gambá errado!
Bravo! Assim é que é! Vou-me embora pra Pasárgada! Não quero saber mais de você! É baixo! Guerra é guerra!
Joga a chave! É mentira! Juro por alma de minha mãe! Vamos acabar com isso! Amanhã é outro dia! Que vergonha, meu Deus do céu! É o fim da picada! Sou filho do carbono e do amoníaco!
Caramba! Per la Madonna! Quem te viu e quem te vê! Átila, você é bárbaro!
Peço a palavra! Paz e amor! A guerra acabou, eu devolvo o órfão a Saigon!
Ama com fé e orgulho a favela em que nasceste! Isto não está no script!
Babau! Oxalá! Braço é braço! Boa bisca! Foi pras cucuias!
É o cúmulo! Isso aqui não é a casa da mãe da Joana! Dobre a língua! Vossa excelência é quem sabe! Já ganhou! Independência ou morte! Essa é boa! Coitado! Você é que é feliz! Acabou! Foi ele! Não tenho que lhe dar satisfação! Não vem que não tem!
Que tempos, meu caro senhor, que tempos! Já não se comem broas de fubá como antigamente!
O homem, animal que pergunta
Que horas são Mas quem é você? Sabe com quem está falando?
E daí? Por quem os sinos dobram? Que é a verdade? Há sinceridade nisso?
Com quantos paus se faz uma canoa? Mas você se emenda? Está pensando o quê? Aceita mais uma xícara?
Por que não me disse antes? Sabe da última? Quem ganhou? Qual o seu desodorante predileto? E a CIA, hem?
Esses camarões são frescos? O senhor é parente do falecido? Soou a hora da verdade? E que mais?
Fez sua declaração dentro do prazo? Dói muito? Afinal, quando é que vocês se casam? A que hora é o batizado? Passou na Alfândega sem bololô?
Qual nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? De que cor era o cavalo russo de Napoleão? Até quando abusarás da nossa paciência?
O senhor é que é o Epaminondas? És cristão? Que é ser cristão? Quando é que sai o pagamento?
Você é mais Brossard ou mais Portela? Será que via chover? Ia esquecendo o meu aniversário, né? Aqui que nós; ela dá pelota?
Seu signo é Leão, e você não aproveita hoje? Tem certeza que ele mora no Beco das Garrafas? Em que posso servi-lo? Por que ela vai sempre ao dentista a essa hora, mesmo nos feriados?
Me dá uma cópia da sua dieta, para eu experimentar? Como você faz, quando é assaltado? Quem tem medo do Imposto de Renda? Quem matou e quem mentiu nos crimes da Barra? Who’s who?
Desde quando eu tenho que lhe prestar contas da minha vida? Quando foi que o senhor percebeu que era andrógino? Se vier o divórcio, como é que você vai fazer pra casar de novo?
Você é surdo de nascença ou de rock? A reclassificação ainda vai demorar 50 anos, ou apenas mais 10? Que há de novo?
To be or not to be? Por que você não pareceu mais lá em casa? Esta briga é pública ou particular? Você jura que não está me traindo, jura? Chi lo sa?
Que é que eu vou fazer com tanto dinheiro? Qual o maior: César ou Alexandre, Gonçalves Dias ou Castro Alves? A senhorita está sentindo alguma coisa? E a moral da história, pode me dizer qual é, se não for imoral?
É seu este cachorrinho que acabou de fazer pipi na minha calça nova? Sabe que vai se arrepender de não ter comprado este apartamento a preço de banana-prata? Você sonha em preto e branco, ou tevê a cores?
O senhor se julga realizado, semi-realizado ou não-realizado? Kissinger vem ao Brasil antes ou depois de Frank Sinatra? O cavalheiro está namorando pra casar ou pra que é? Na sua opinião, o terceiro partido resolve, ou é melhor nenhum? À quoi bon?
Por que as coisas só melhoram amanhã ou depois de amanhã, e hoje é sempre hoje? Por que ninguém ri quando está com dor de barriga, por melhor que seja a piada? Quem foi que verificou que à noite todos os gatos são pardos? Você me ama, diz, você me ama de verdade ou é de mentirinha?
Por que ninguém mais se lembra de ir à Lua: preguiça? Afinal, quem é que descobriu o Brasil: Cabral ou as multinacionais? Debaixo de todo angu tem carne, ou só na classe A? Quem, se eu gritasse, me escutaria, entre as cortes angélicas? E o sexo dos anjos, já se apurou se tem?
Você não se enxerga? Você sabe se o Xavier já pediu demissão? Você está louco? O que é que levo nisso, me diga? E quando eles souberem? E se a vaca for pro brejo? Quem desconstantinoplorizará o arcebispo de Constantinopla, se?... Verdade que o Prefeito desistiu de alugar sede para a Prefeitura porque não aguenta pagar predial e taxas?
E agora, José? Por bem ou por mal, vai me dizer que horas são?
O homem e suas negativas
Não pode. Não me diga. Não dá. Essa, não.
Não me toques. Não me deixes. Não te esqueças de mim. Não tem de quê.
Não vá com tanta sede ao pote. Não admito. Não estou aqui pra botar azeitona em empada de ninguém.
Hoje, não. Nem preguei olho. Não sei de que se trata. Não li e não gostei.
Não vou com a cara dele.
Nada tenho a declarar. Não há verba. Não ficará pedra sobre pedra. Não entendi patavinas. Não sei onde estou que não lhe quebro a cara.
Nem aqui nem na China. Não fede nem cheira. Não dá ponto sem nó. Não pode com a uma gata pelo rabo. Não sabe da missa a metade.
Não tem papas na língua. Não mete prego sem estopa. Não é de nada. Não sou o que o senhor está pensando, cavalheiro.
Não me amole. Nem te ligo. Não quero saber e tenho raiva de quem sabe.
Não dá para a saída. Nem me fale. Não atire.
Não tugiu nem mugiu. Não ata nem desata. Não quero saber de namoro na Barra da Tijuca. Não e não, já disse. Homem, nem sei o que diga. Nada, não. Não vá me dizer que ela é sua cunhada.
Nunca mais. Não sou daqueles que cospem no prato em que comeram.
Não adianta você chorar. Não repita. Não penso noutra coisa. Não insista, por favor, seu Januário. Não há mal que sempre dure. Não há pressa. Você não perde por esperar. Não há mais juízes em Berlim.
Não matarás. Não cobiçarás a mulher do próximo. Não buzine. Não tenho que lhe pedir desculpas. Não comi nada até esta hora. Não estou gostando dessa história. Não queria aborrecê-lo, mas...
Não sei de que se trata. Não goste de ser incomodado. Nem contra nem a favor do divórcio, muito antes pelo contrário. Não vou sujar minhas mãos em você. Não bebe mais não, meu anjo. Não abuse do crediário, meu filho.
Tenho lá alguma coisa com isso. Não levo desaforo pra casa. Não bato em mulher. Nada de novo na frente ocidental. Nesse andar você não emplaca. Ele não nem visita.
Sem chus nem bus. Sem tirte nem guarte. Sem eira nem beira. Nem um pio. Nem carne nem peixe. Nem por pensamento, doutor. Nadinha, querido.
Sem pé nem cabeça. Sem dizer água vai. Sem quê nem praquê. Não me provoque que eu digo tudo.
Sem destino. Sem lenço nem documento. Não deu outra coisa. Não é normal. Não está no gibi. Não é mole não. Nada pior do que um elefante não hora do jantar. Garçom, isso nunca foi sopa à la Sainte Meunière.
Não estou te reconhecendo hoje. Não dói na hora. Não estou lembrado. Já disse que não pago e não pago. Não há país no mundo igual a esse. Nem se compara. Nem tanto. Nunca me senti tão perto de Deus como naquela tarde no Corcovado.
Não há exemplo de tamanha bandalheira. Nesta casa eu não mando nada.
Não posso contar por enquanto. Nunca se sabe o que elas estão tratando.
Não me chamo Antônio, não sou casado e não moro em Niterói.
Não dá pra entender. Nem assim. Ali não boto mais os pés. Você não sabe quanto me custa. Santa não sou. Até que nem. Hoje não estou para brincadeiras.
Não pedi nem pedirei demissão; não peço nada a ninguém.
Não pense que isso fica assim, não. Ringo não perdoa. Hoje não tem carta para a senhora. Proibido estacionar. Mas não espalha. Não sou palmatória do mundo. Proibido pisar no gramado. Proibido proibir.
Eu não tinha esse rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro.
Não te fies do tempo nem da eternidade. Hippocrate dit oui, mais Galien dit non. Os não alinhados, a não-valia, a não-violência – esta última, valendo como sim à vida, ou nem isso.