Poucos livros tiveram uma recepção tão boa. Um jornalista do New York Times (Lewis Nichols) chamou-o de "o maior livro que uma língua morta já produziu". O Chicago Tribune declarou que "faz mais para atrair o interesse pelo latim do que Cícero, César e Virgílio combinados".
Em poucos dias, porém, Winnie Ille Pu tornou-se virtualmente impossível de se achar. Uma semana após a publicação, a Livraria Scribner colocou uma placa na vitrine da Quinta Avenida, dizendo: Editione omne vendita non restant exempla libri de Winnie Ille Pu (latina). A editora, EP Dutton, com o estoque esgotado, publicou um anúncio ilustrado com o desenho da capa do livro de Pooh vestido como um centurião romano, declarando, Mea Apologia Winnie Ille Pu.
Talvez o maior efeito de Pu' tenha sido colocar sob os holofotes o seu tradutor, Alexander Lenard, um médico húngaro de 50 anos que falava 12 línguas e que com sua esposa, Andrietta, havia sido relocado no Brasil em 1952 pela Organização Internacional de Refugiados. Uma de suas poucas posses era uma versão em inglês de Winnie the Pooh.
Como o seu diploma de médico austríaco não era reconhecido no Brasil, Lenard trabalhou como enfermeiro em uma mina de chumbo, farmacêutico e tradutor em congressos médicos. Com o tempo, o casal comprou terras em Dona Ema, no vale do Itajaí, em um vale esparsamente povoado sobre o qual Lenard disse uma vez "tem os arco-íris mais perfeitos do mundo."
Lenard trabalhou na tradução por sete anos. Embora Winnie the Pooh seja um livro infantil, o Pu de Lenard está repleto de aliterações, trocadilhos e rimas extraídas de cinco séculos de literatura latina. Incapaz de encontrar uma editora para o livro no Brasil ou na Inglaterra, em 1958 ele pagou um tipógrafo em São Paulo para imprimir 100 cópias, e enviou exemplares para editoras em vários países.
Por motivos que o próprio Lenard nunca entendeu, um editor de Estocolmo imprimiu 2.000 cópias de uma versão resumida. Então Methuen, a editora britânica de Milne, que antes havia recusado Pu, publicou milhares de cópias e posteriormente várias outras edições. Dutton, o editor americano de Milne, importou apenas 1.500 exemplares da edição britânica.
Em 1971, após sofrer um sério derrame, Lenard disse a Andrietta que queria morrer em Dona Ema, no vale onde, ele escreveu uma vez, ''a paz eterna prospera e floresce para sempre.'' Ele passou seus últimos meses plantando árvores e tocando Bach no piano. Ele morreu em 13 de abril de 1972, aos 62 anos.