Jaime Caetano Braum: Merda, merda, sempre merda
Deus fez tudo que há no mundo,E foi um serviço brabo.Fez perna, cabeça e rabo,Fez o pelo e fez a cerda.Fez boi, fez carreta lerda.Baralho e jogo de taiva,E um dia quando cestiava,Veio o Diabo e fez a Merda. Foi aquele reboliço quando apareceu a cuja.Mais feia do que coruja,Fedendo que era um perigo,E desde então é um castigo,Do qual a gente se nega,Mas todo o mundo carrega,Desde que corta o umbigo. Há vários tipos de merda,Na falação gauchesca.Merda fina, merda seca,Churriu fino, churriu grosso.O cagalhão e o troço.Que de soldado a coronel,Fedem em qualquer quartel Merda, merda, sempre merda,Parceira que ninguém gosta.Seja esterco ou seja bosta,Dura, mole ou granulenta,Seja de rico ou seja de pobreA merda é sempre fedorenta. Merda em solado de bota,Merda em roseta de espora,Merda que se joga fora,Num desperdício mais cru.Se um dia ela fosse moeda,E a merda valesse ouro,O rico juntava um tesouro,E o pobre nascia sem cu.Cláudio Moreno, O prazer das palavras
No alto daquele cumePlantei uma roseiraO vento no cume bateA rosa no cume cheira Quando vem a chuva finaSalpicos no cume caemFormigas no cume entramAbelhas do cume saem Quando vem a chuva grossaA água do cume desceO barro do cume escorreO mato no cume cresce Então quando cessa a chuvaNo cume volta a alegriaPois torna a brilhar de novoO sol que no cume ardia.