A madame tomou umas a mais na festa e resolveu ir embora mais cedo. Ao entrar em casa, ela deparou com Gaudêncio, o seu mordomo gaúcho, na sala de jantar. Ela o chamou até o quarto.— Gaudêncio, eu quero que você tire o meu vestido.Gaudêncio hesitou por um instante mas seguiu a ordem da patroa, colocando o vestido cuidadosamente sobre a cadeira.— Gaudêncio, agora tire a minha meia-calça.Ele obedeceu.— Agora, Gaudêncio, eu quero que você tire o meu sutiã e a minha calcinha.Com as mãos trêmulas, Gaudêncio mais uma vez obedeceu. Então ela deu um passo a frente e fitou o mordomo nos olhos.— Gaudêncio, esse é o último aviso: se eu pegar você novamente usando minhas roupas, você está despedido! Entendeu? Des-pe-di-do!
Certa feita um gaúcho foi conhecer o Rio de Janeiro. No primeiro dia acordou cedito, cevou o mate, vestiu as bombachas, lenço, alpargata. Guardou uns cobres na guaiaca, enfiou o três-oitão na cintura e foi passear na praia de Ipanema. Estava tudo muito tranquilo, solzinho bom pra lagartear, aquele monte de china de biquíni e coisa e tal, quando de repente ele olha pro céu e avista uma asa delta. Mais ligeiro que um capincho, ele se bandeou pra trás de um monte de areia, puxou o revólver e o descarregou na asa delta. Nisso chega uma mulher aos berros:— Meu Deus, o quê que é isto, meu senhor?! O quê que é isto !?E o gaudério responde:— O quê que é eu não sei... Mas que soltou o homenzito, soltou!
O baiano chega a uma estação de trem em Minas e pergunta ao bilheteiro:— O senhor sabe se o trem das cinco já passou, sabe?— Sim senhor, já passou.— E o trem das cinco e meia?— Também já passou...— E o Expresso Mineiro, que hora que vai passar?— Daqui a meia hora.— E o que vai pra São Paulo?— Meu senhor, por que você não me pergunta logo qual trem quer pegar aí eu te falo se passou ou não passou!— Och... Mas eu não quero pegar nenhum trem não senhor!— Então por que pergunta?— É que eu quero atravessar a linha!
Dois baianos estirados em redes estendidas na sala:— Oxente, será que chove?— Sei não, meu rei.— Vai lá fora e dê uma olhada.— Vai você.— Vou não, a leseira é muita.— Então chame o cão.— Oxente, chame você.— Ô Fernando Afonso!O cachorro, que também é baiano, entra na casa e desmorona no chão.— E então, meu rei, tá chovendo?— Tá não. O cão tá sequinho.
Um brasileiro entra na delegacia de Caxias do Sul e vai direto ao delegado.— Vim entregar-me. Cometi um crime e desde então não consigo viver em paz. Eu atropelei um argentino na estrada.— Ora meu amigo, como o senhor pode se culpar se estes argentinos atravessam as ruas e as estradas a todo o momento?— Mas ele estava no acostamento.— Se estava no acostamento é porque queria atravessar, se não fosse o senhor seria outro qualquer.— Mas eu não tive nem a hombridade de avisar ninguém, sou um crápula!— Meu amigo, se o senhor tivesse avisado poderia haver manifestação, passeata, repressão, pancadaria e morreria muito mais gente, acho o senhor um pacifista, merece uma estátua.— Eu enterrei o pobre homem ali mesmo, na beira da estrada.— O senhor é um grande humanista, enterrar um argentino, é um benfeitor, um outro qualquer o abandonaria ali mesmo para ser comido por urubus e outros animais.— Mas enquanto eu o enterrava, ele gritava : Estoy vivo, estoy vivo!— Esses argentinos mentem muito!
Um argentino desembarca na rodoviária de Porto Alegre e se dirige ao balcão de informações:— Hola, donde hay un colectivo para ir hasta la estación para agarrar un vagón hasta Novo Hamburgo?— Aqui não chamamos colectivo, chamamos ônibus.— OK, donde hay un ônibus para ir hasta la estación para agarrar el vagón?— Aqui não chamamos estación, chamamos ferroviária.— Muy bien, donde hay un ônibus para ir hasta la ferroviária para agarrar el vagón?— Aqui não chamamos vagón, chamamos trem.— Entonces, donde hay un ônibus para ir hasta la ferroviária para agarrar el trem?— Não precisa ir, é aqui mesmo...— Che, boludo! Como vos llaman los hijos de puta acá em Porto Alegre?— Não chamamos, eles vêm da Argentina de ônibus sem ninguém chamar.
O gaúcho de Santana do Livramento foi a Bueno Aires passear. Na Avenida 9 de Julio, ele avistou um grande obelisco e perguntou a um argentino que passava:— Bá, tchê, que monumento mais lindo é este? Que coisa colossal!O argentino, querendo sacanear com o gaúcho, disse:— Ah! Este obelisco fue hecho en homenaje a la pija del General San Martín!O gaúcho se espantou mas ficou calado.No dia seguinte o argentino passou pela praça e lá estava o gaúcho com quatro conterrâneos, todos ao redor do obelisco. O argentino não se conteve e perguntou:— Ei gauchos! Están admirando la pija del General San Martín?E um dos gaúchos:— Não, tchê; nós estamos calculando o diâmetro da xana da mulher do general!
Era uma cidadezinha pequena, bem na fronteira entre o Brasil e a Argentina. Na igreja cheia para a missa das 10 o padre começa o sermão:— Irmãos, estamos hoje aqui reunidos para falar dos Fariseus, aquele povo desgraçado, como esses argentinos.Ohhhhhhh! O maior tumulto tomou conta da igreja. Os argentinos saíram xingando o padre. Houve briga na porta da igreja. O prefeito levou a mão à cabeça, indignado. Acabada a confusão, o prefeito foi falar com o padre na sacristia:— Padre, pega leve, os argentinos vêm para este lado, gastam nas lojas, nos restaurantes, trazem divisas para a cidade. Não faça mais isto.Durante a semana a conversa entre todos era a mesma: o padre e o sermão do domingo. Aquele zum-zum-zum todo foi fazendo as pessoas ficarem curiosas e querendo saber o que mais tinha acontecido. Finalmente, chega o domingo seguinte. O prefeito chega a sacristia e aborda o padre:— Padre, o senhor lembra do que conversamos antes, não? Por favor, não arrume nenhuma encrenca hoje, certo?Começa o sermão:— Irmãos, estamos aqui reunidos hoje para falar de uma pessoa da Bíblia: Maria Madalena. Aquela mulher, a prostituta que tentou Jesus, como essas argentinas.Não deu outra. Pancadaria na igreja: quebraram velas nos corredores, tapas, socos e algumas internações no pronto-socorro da cidade. O prefeito novamente foi ao encontro do padre:— Padre, o senhor não me disse que iria pegar leve? Padre, se o senhor não amansar, vou escrever uma carta à Congregação e pedir a sua retirada imediata.Naquela semana, o tumulto era maior ainda. As conversas eram intensas e ninguém perderia a missa do próximo domingo, nem por decreto. Na manhã do domingo, o prefeito entra na sacristia com a polícia, que se espalha pela igreja.— Padre, pega leve desta vez, senão te levo em cana!A igreja estava abarrotada. Quase não se conseguia respirar de tanta gente.E o padre inicia o sermão:— Irmãos, estamos aqui reunidos hoje para falar do momento mais importante da vida de Cristo: A Santa Ceia.O prefeito então respirou aliviado. E o padre começa o sermão em seguida.— Jesus, naquele momento disse aos apóstolos: “Esta noite, um de vós irá me trair”.Então João perguntou:— Mestre, sou eu?E Jesus respondeu:— Não, João, não é você.E Pedro perguntou:— Mestre, sou eu?E Cristo respondeu:— Não, Pedro, não é você.Então, Judas perguntou:— Mestre, acaso soy yo?