Revolução de 32. Dois capiaus vão se alistar nas tropas paulistas. O sargento pergunta a um deles, o Tonho:— Porque você está aqui?— Ué! Vim fazê o quarté!— Fazer quartel não, rapaz! O quartel já está pronto! Você veio lutar por São Paulo, entendeu?— Entendi, sim sinhô!O sargento aponta para a bandeira hasteada: — O que é aquilo?Tonho coça a cabeça:— Ara... A bandeirinha?— Bandeirinha não, seu insolente! A partir de hoje aquela é a sua mãe! Entendeu? A sua mãe! Suma da minha frente!O sargento se volta para o outro caboclo.— E você, o que veio fazer aqui?— Eu vim lutar por São Paulo!— Muito bem! E o que é aquilo? Perguntou, apontando para a bandeira.— Ara...Aquela é a Tia Lilica, a mãe do Tonho.
********************
Bastião não podia mais montar por causa da espinhela caída, então ele decidiu vender o Ventania, cavalo cobiçado na região. Quem comprou foi o compadre Tonho, e em nome da amizade de longa data, Bastião aceitou receber o pagamento no final do mês porque o compadre estava mais duro que boca de sino.Todo satisfeito, Tonho encilhou o cavalo e tocou para casa. Mas por uma dessas fatalidades, uma semana depois o animal tropica, rola barranca abaixo e morre. Ao saber do acontecido, Bastião coçou a cabeça, aborrecido:— Homessa! Agora fiquei sem o Ventania e sem o dinheiro... Mas para sua surpresa, não demora muito Tonho aparece montado em um potro novo para anunciar que veio quitar a dívida referente ao Ventania. Aliviado, Bastião convida o compadre a entrar para um café. Conversa vai, conversa vem, Tonho paga o devido e se prepara para ir embora. Bastião não conteve a curiosidade:— Compadre, ocê me discurpa perguntá, mode que fiquei encafifado. Até agorinha ocê tava na pindaíba, teve mesmo que levar o Ventania fiado. Como é que é que agora não só ocê pagou pelo pobre, mas inté ainda comprou outro cavalo?— Pois é, compadre. Eu rifei o Ventania e sobrou uns trocadinho.Bastião ficou abasbacado:— Rifou!? Um cavalo morto?— É. Vendi cem número na quermesse.— E o pessoal não reclamaro?— Só o caboclo que ganhou.— E o que ocê fez?— Ara, devorvi o dinheiro pra ele!
********************
Um burro velho morreu no pátio de uma igreja. Dois dias depois, o corpo ainda estava lá, inchado e começando a cheirar, e o pároco foi reclamar com o prefeito.— Senhor prefeito, tem um burro morto na igreja há dois dias!O prefeito, adversário político do padre, alfinetou:— Mas padre, o senhor não tem a obrigação de cuidar dos mortos?Sim, respondeu o padre, coçando a barba. — Mas também é minha obrigação avisar os parentes.