Um caboclo miudinho todo tímido embarca no ônibus de Piracicaba para São Paulo. O seu vizinho de poltrona é um baita de um sujeito de dois metros de altura, e com cara de poucos amigos.O homem cai no sono assim que o ônibus parte, enquanto que o caboclinho, desacostumado a viajar, sofre um enjoo dos diabos. De repente o caboclo sente o estômago revirar de vez, e antes que ele possa reagir, vomita uma golfada enorme no peito do grandalhão. O homem nem aí, continua a roncar, enquanto que o caboclo fica no maior constrangimento.Chegando a São Paulo, o homem acorda e passa a mão no peito malcheiroso e todo gosmento. Indignado e confuso, ele se volta para o caboclinho que lhe dá uns tapinhas no ombro e pergunta:— O sinhô miorô?
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Um sujeito entra na venda à beira de uma estrada poeirenta e pergunta se aquele é o caminho para Jacupiranga. Um caipira que estava comprando fubá diz que sim, ele mesmo esta indo para lá. Solícito, ele oferece ao forasteiro uma carona na garupa do seu cavalo.O sujeito, um janota da cidade e muito metido, da uma risadinha de escárnio.— Não preciso de seu cavalinho não, meu camarada. Eu chego em dez minutos, ouvindo um som, e curtindo o ar condicionado. Estou montado em 250 cavalos de potência.O homem se despede e parte no seu carro, cantando pneus.O caboclo também segue viagem. Após alguns quilômetros, logo depois de uma curva fechada, ele avista o janota ao lado do seu carro, que havia derrapado e embicado em um laguinho na beira da estrada.O caboclo passa pelo homem com o cavalo a passo de trote, e toca o chapéu em saudação: — Boa tarde, seu moço. Dando água pra tropa?
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Inexperiente em estradas de terra, o sujeito da cidade dirigia muito depressa. O carro derrapa, sai da estrada e cai em uma vala. O rapaz desce e constata que o carro esta atolado até os eixos. Ele coça a cabeça, desconcertado:— E essa agora! Por sorte, logo aponta na curva um caboclo conduzindo um boi carreiro. O roceiro, prestativo, oferece ajuda. Ele atrela o animal ao para-choque do carro, se afasta um pouco e brada:— Força, Fortaleza! Firme, Riachão! Puxa, Graúna! Coragem, Sereno!Assim que o caboclo termina de falar, o boizão avança e arrasta o carro para fora do buraco. O motorista se desmancha em agradecimentos, mas ficou curioso:— Mas meu amigo, afinal de contas qual é o nome do seu boi?— Ah, esse e o Sereno. É cego mas bão de serviço. Mas também é meio veiaco; se soubesse que estava puxando sozinho, capaz que ele ia tentar!
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O roceiro vê um homem apontar na estrada, todo suado e esbaforido. O homem se aproxima, limpa o suor da testa e pergunta:— O senhor se importaria se eu cortasse caminho pelo seu pasto para chegar mais rápido à estação de trem? Eu estou atrasado, e tenho que pegar o trem das quatro e meia.O roceiro tira a palhinha da boca e responde:— Pode sim sinhô. E quando o touro se aperceber, aposto que vancê vai até conseguir apanhar o trem das quatro e quinze.
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Duas freiras estavam viajando quando a gasolina acabou e o carro parou na estrada. Para a sorte delas, havia um posto de gasolina bem pertinho. Elas caminharam até lá e explicaram o problema ao encarregado do posto. O homem se dispôs a ajudar, mas ele não tinha nenhum recipiente adequado para levar a gasolina; nem balde, nem lata, nem nada. Só havia mesmo um penico velho.— Se as senhoras não se incomodarem, eu boto a gasolina neste penico.As freiras aceitaram e levaram o penico cheio. Quando elas estavam despejando a gasolina no tanque do carro, foi passando um caboclo. Ele parou, observou a cena, e comentou com as freiras:— Ói, já vi gente com fé, mas as senhoras ganharo de todas ela!