Search this site
Embedded Files
  • Proseando e lendo
  • Amo-te assim, desconhecida e obscura
    • Luís Fernando Veríssimo
      • Diminutivos
      • O jargão é uma tentação
      • Regozijo
      • Palavras, palavras
      • Parole, parole e parole
    • Mistifório
    • Poemas para testar tradutores
    • Jaguadarte
    • Pequeno pintor português
    • Palavrão
    • Dicionários
      • Caça aos dicionários
      • Palavras precisas
      • Sinônimos úteis & insultos cultos
      • Excentricidades da língua
      • As muitas faces de Satanás
    • Joaquim Ferreira dos Santos
      • Meter a língua onde não é chamado
      • Gosto que me enrosco
      • As palavras emperiquitadas
    • Drummond
    • Augusto dos Anjos
      • Eu e outras poesias
      • Glossário Augusto dos Anjos
    • Latim
      • Beijos mil
      • Nada dura para sempre
      • Winnie ille pu
      • Romanos, gente como a gente
  • Caipira, sim sinhô
    • Causos da roça
      • E na hora da nossa morte amém
      • Pelas estradas da vida
      • Benhê
    • Guerra civil
    • O carro de boi
    • O monjolo
  • Expressões idiomáticas
  • Gemas literárias
    • Millôr, eterno
      • Poemas de Millôr
      • Liberdade ainda que tardia, todavia
      • Macorvos, cacos, baposas e rodes
      • Dicionovário
    • Mário Quintana
    • Guimarães Rosa
    • Machado de Assis
    • Paulo Leminski
    • Monteiro Lobato
    • Barão de Itararé
    • Bastos Tigre
  • Em bom português
    • Dicas para escrever bem
    • Bulindo com a língua
    • O léxico da propina
    • Paulo Coelho
    • A linguagem traiçoeira
      • Metáforas mentirosas
      • Vícios da comunicação
      • Quem imputou que desinpute
      • Ambígux, ambígu@s e ambígues
      • Politicamente correto
    • Pontuação é tudo
    • Aprender português com o homem-morcego
  • Humor, língua e cultura
    • Meia, meia ou meia?
    • Glossário místico-esotérico
    • Machismo na língua
    • Mentiras cotidianas
    • Novos verbetes
    • Corrigindo velhos ditados
    • Dicionário brasileiro de prazos
    • Simpatia é quase amor
    • Poemas impuros
    • Piadas de botequim
      • Gaúchos, baianos & argentinos
      • Políticos
      • Amor e velhice
      • Religião e outros assuntos
    • As muitas faces da perseguida
    • Bilau e seus amigos
    • O fim do mundo
  • Gostou deste sítio?
 
Edibar, de  Lúcio Oliveira  
O caboclo encerrou a lida do dia, guardou a enxada e tocou para casa. No caminho, caiu o maior toró, e o sujeito procurou abrigo numa venda próxima. Não havia mais ninguém além da dona. Conversa vai, conversa vem, e nada da chuva diminuir. A mulher pergunta:— O senhor aceita um cafezinho?— Aceito sim senhora.O café foi tomado, a conversa continua assim como a chuva.— O senhor aceita um uisquinho?O caboclo hesita, mas aceita um copinho para rebater a friagem. E mais conversa, e mais chuva.— Outro uisquinho, ou alguma coisa mais?— Não, obrigado, tenho que tocar para casa.— Imagine, o senhor foi tão gentil comigo, vamos entrar só um pouquinho.Por volta das 4:00 h da manhã, o caboclo acordou, consultou o relógio e levou o maior susto. Depois de pensar um pouco, ele acorda a mulher ao seu lado:— A senhora teria um pedaço de giz?Ela resmunga, mas levanta e acha o pedaço de giz, que ele coloca atrás da orelha e toca para casa. Lá chegando, a esposa caiu em cima, louca de raiva.— Safado, miserável! Isso são horas, seu canalha?— Benhê, calma. Eu conto tudo.— Confessa então, pilantra!— Quando saí da roça, caiu a maior chuva. Eu me abriguei numa mercearia, a dona me ofereceu uísque, aí ela me convidou para entrar. Daí ela foi para o banho e voltou com uma camisola muito linda, e após vários goles acabamos indo para a cama e fizemos amor. Aí dormi e acordei agorinha há pouco.A mulher deu um berro:— Seu mentiroso sem vergonha, estava no bar jogando sinuca com os vagabundos dos seus amigos. Nem sabe mentir, até esqueceu o giz aí atrás da orelha!
******************************
O compadre, viúvo há muito tempo, estava de olho na vizinha do sítio ao lado. Um dia ele criou coragem e foi fazer uma visitinha para ver se a comadre não carecia de alguma coisa. Chegando lá, os dois ficaram meio sem jeito, sem muito assunto. Começa a chover. O compadre:— Chuvinha boa...— Pois é...— Será que dura?— Tomara, compadre...Fez-se um grande silêncio.O homem suspira e diz:— Em dias assim, eu e a patroa ou ia pra cama ou passava o dia tomando café.— Ah, compadre...Justo hoje o senhor me pegou sem pó...
********************************
O caboclinho dos mais rústicos entra na boate O Bataclã e vê a tabela afixada na parede:
Aguardente — R$ 5,00Cerveja — R$ 25,50Pastel de queijo branco — R$ 12,00Sanduíche — R$ 20,00Massagem nos órgãos sexuais — R$ 150,00
O caboclo vai até o balcão e chama uma das garotas que ali estão servindo e diz:— Õ moça, com licença.Pois não, responde ela com um sorriso.— Em que posso servir?— Que mal que eu lhe pergunte, é a senhora que massageia os órgão sexual dos cliente?— Sou uma delas, responde ela, com voz melosa.— Então, faissavor de lavar bem as mão, e me serve um pastel de queijo e uma caninha.
A pesquisadora do IBGE bate na casa do caipira.— Quantos filhos o senhor tem?— Quatorze, moça, mas a patroa tá esperando mais um.— Quatorze? Puxa, mas a sua prole é grande, hein?O caipira, mortificado, coça a cabeça e responde:— Até que não é muito grande não, moça, mas não faia não!
*********************************
Numa cidade pequena do interior, o baile estava comendo solto. Um rapazinho tímido, desengonçado, se aproximou de uma moça bonitinha e a convidou para dançar. Mas o rapaz suava tanto, que uma hora ela não aguentou e disse:— Você sua, hein?Espantado, o rapaz sorriu, apertou-a com força e respondeu:— Também vô sê seu, minha princesa!
O caipira chega ao consultório e muito sem jeito diz ao médico:— Dotô, não estou dando mais no couro. Já tomei tudo quanto foi chá de planta mas o negócio não sobe mais não.— Ah, não se preocupe, meu amigo. Vou lhe receitar um medicamento que vai deixar você novo em folha. Só que são cinquenta comprimidos, um por dia.— Mas dotô, cinquenta? Eu vou perder a conta, só sei contar até dez nos dedos e mais nada.— Então você passe na papelaria, compre um caderno de cinquenta folhas. Cada vez que você tomar um comprimido, arranque uma folha. Quando o caderno acabar você volta para vermos se esta melhor. Aqui está a receita.No dia seguinte caipira vai à papelaria da cidade, e uma balconista vem atendê-lo.— Eu precisava de um caderno de cinquenta fôia.— Brochura?— Morfético de médico lazarento. Já andou espaiando meu pobrema por aí!
***************************
O rebanho do caboclo estava doente, morrendo; o veterinário da cooperativa já tinha tentado tudo. Aí o caboclo ficou sabendo que havia um curandeiro lá para os lados de Jacuí, cujas rezas e benzeduras tinham fama de curar qualquer mal.O curandeiro foi chamado. Ele garantiu que poderia salvar o gado, mas para isso ele precisaria conduzir um ritual com a ajuda da mulher do caboclo, uma moreninha de olhos de corça. O homem ficou desconfiado, mas aceitou. Afinal, era a única maneira de salvar o seu gadinho.O benzedor foi para o quarto com a moça, apagou a luz e começou:— Mão na canela para salvar a vaca amarela!— Mão na coxa para salvar a vaca mocha!— Mão na virilha para salvar a novilha!Nesse ponto o caboclo, que estava ouvindo com o ouvido colado na porta, gritou pela fechadura:— A vaca preta e o boi zebu pode deixar morrer!
Um cientista político estava conduzindo uma pesquisa nacional para conhecer as coisas que o homem brasileiro mais gosta. Em todo canto a resposta era uma só: dinheiro e mulher. Em todos os estados da federação, os homens respondiam de pronto: dinheiro e mulher. Quase ao final da pesquisa, ele encontrou um caboclinho sentado de cócoras na beira da estrada pitando um cigarro de palha.— Bom dia, meu amigo. Eu fazendo uma pesquisa para saber as coisas que o homem brasileiro mais gosta. O senhor pode me responder?O caboclo deu uma tragada e responde:— Ara, as coisa que o home mais gosta é dinheiro, muié e bicho de pé.O pesquisador, estranhando a inclusão do item 'bicho de pé' na resposta, perguntou:— Que interessante, todo mundo respondeu dinheiro e mulher. O Brasil é unânime. Mas o senhor incluiu bicho de pé?Mais uma tragada, e o caboclo retrucou:— Sim siô. Que que adianta nóis tê dinheiro e mulher se o bicho não estiver de pé?
***************************************
E lá estava o caipira de novo na sala do médico.— Ondi é memo qui tem qui colocá o troço, dotô?— No reto - explicou o médico, calmamente - No final da coluna cervical...O caipira agradece sai.—  Gislaine - explica para a sua esposa - É só colocá no reto, qui fica no finár da coluna cervicár!— Ai, Cráudio! Mais o que é essa tár de cervicár?— Ih, isso eu já num sei...— Intão vorta lá, home!E lá se foi ele mais uma vez ao médico.— Dotô... Disculpa... Mais onde foi memo que o sinhô falô pra infiá o negocinho?— No cu, Cráudio! No cu! Enfia no cu!Cráudio volta para a esposa:— Viu, Gislaine... Eu num falei que o homi ia ficá bravo?

Amadeu Amaral - Obras completas de Amadeu Amaral: tradições populares, 1948 (colhida por Cornélio Pires)

 Morena, esses teus olhosme parece uma candeia:de longe me turva a vista, de perto a vista clareia.Teus olhos não tem iguais,teu rosto não tem pareia.Se disser que otra é bonita,morena, você não creia.

Que moça bonita,que linda figura,bem feita de corpo,fina de cintura.Seu corpo é modelo,parece pintura;é chumbada de ourosua dentadura.
Google Sites
Report abuse
Page details
Page updated
Google Sites
Report abuse