Luís Fernando Veríssimo nasceu em 1936 em Porto Alegre. É o escritor que mais vende livros no Brasil. É também músico, tradutor, cartunista, jornalista e roteirista.
Luís Fernando Veríssimo nasceu em 1936 em Porto Alegre. É o escritor que mais vende livros no Brasil. É também músico, tradutor, cartunista, jornalista e roteirista.
“Operação” é uma palavra assustadora. Pior do que “intervenção cirúrgica”, porque promete uma intervenção muito mais radical nos intestinos. Suas chances de sobreviver a uma operação... sei não. Já uma “operaçãozinha” é uma mera formalidade. Anestesia local e duas aspirinas depois. Uma coisa tão banal que quase dispensa a presença do paciente.
Declaração de amor em várias sabores:
Ver-te
- só ver-te!
é sorver-te
como
um
sorvete
Me imagino no leme do meu grande veleiro, dando ordens à tripulação:
– Recolher a traquineta!
– Largar a vela bimbão, não podemos perder esse Vizeu.
Regozijo. Estranho. Regozijar deve ser gozijar de novo.
- Você gozijou, bem?
- Duas vezes!
Denúncias de corrupção lembram a ótima palavra "sincofanta", que hoje é o nome de quem nos assegura que o governo vai, sim, punir todos os culpados pelos escândalos, mas antigamente queria dizer informante ou, em grego, aquele que mostrava onde estavam os figos. "Sukon" era figo e "phantes", o que mostra. Isto porque havia um extenso tráfico de figos na época. Enfim, sempre os hortifrutigranjeiros!
Faz injustiça quem, como eu, sempre pensou que "cretino" tem algo a ver com ilha de Creta. Na verdade, vem de uma palavra para cristão. Uma determinada região da Suiça tinha uma grande população de deformados devido a alguma deficiência glandular. Eram chamados de "crestins", do latim "Christianus", para lembrar que, apesar de tudo, eram gente. Mas o termo passou para o francês, como "cretin", com o sentido de idiota mesmo. A linguagem se depura e se deforma com a mesma facilidade, e sua inconstância serve para todos. De búlgaros a cristãos com problemas de tireoide.